terça-feira, 26 de abril de 2011

"Atreva-te a caminhar..."

   "Enfim...mudar é bom.Tudo se move. Tudo muda. Tudo se transforma. "Tudo flui" e nada fica como é. Coisa alguma é estável. Tudo segue seu curso. Assim é a vida. Assim sejamos também nós! Não permaneçamos parados diante do fluxo da vida! Deixemos a estática para os livros de física, e vamos direto ao movimento... Atreva-te a caminhar..." (Panta Rhei)
    Heráclito de Éfeso,(aprox. 540 a.C. - 470 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o "pai da dialética",  que dizia que tudo passa. A expressão grega "Panta Rhei" (tudo flui) surge da noção de que tudo é móvel, transitório, passageiro.Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.Para ilustrar essa afirmação, Heráclito usava a metáfora do rio: Não é possível banhar-se no mesmo rio duas vezes. Afinal, as águas que correm no leito do rio nunca são as mesmas, afinal, tudo passa!
     Tempo é o fluxo da realidade. É o suceder dos acontecimentos. Fora de nós, os segundos não param. Os instantes não se paralisam. Tudo continua fluíndo. Em nada resulta erguermos castelos encantados num mundo de imaginação, dentro de nós. A vida não nos espera sonhar para continuar. Se não estivermos acordados e com os pés no chão, nada acontecerá ou virá até nós.
     A inércia é um dos males do nosso século. Por quê? Porque "tudo flui", e quem para perde-se no tempo. A vida nunca dá carona, nem espera por alguém. Ela continua seguindo o seu caminho, com ou sem a nossa vontade. Somos nós que estamos passando por ela, e não o contrário...
     Nossas vidas estão impregnadas de Panta Rhei. Nossos corpos mudam, nossas idéias mudam, nossos empregos mudam.Enfim, nunca atravessamos o mesmo rio duas vezes!
     Por vezes nos sentimos tentados a "congelar"; o rio, para que suas águas sejam sempre as mesmas.    
    Evitar a mudança, a transitoriedade, pode funcionar por um certo tempo, tempo esse em que sentimos uma confortável sensação de segurança. Entretanto, um belo dia o rio, que tem vontade própria, descongela e a força de suas águas trazem toda a força das mudanças reprimidas ; e ai surtamos! Ou não! Cabe a cada um lidar com o seu rio.
     Enfim, mudar é bom. Panta Rhei!Tudo se move. Tudo muda. Tudo se transforma. "Tudo flui" e nada fica como é. Coisa alguma é estável. Tudo segue seu curso. Assim é a vida. Assim sejamos também nós! Não permaneçamos parados diante do fluxo da vida!
    Deixemos a estática para os livros de física, e vamos direto ao movimento...
    Atreva-te a caminhar!
    Mova-se... A vida não nos espera sonhar para continuar!

    Texto de Joara Letícia*, para o site http://lojaorganicuspn.blogspot.com/2010/12/panta-rhei.html
 
*Joara Letícia é Naturóloga/Acupuntora/Medicina Tradicional Chinesa/Medicina Oriental

Vejam  alguns dos mais interessantes insights de Heráclito de Éfeso: (extraído do livro “Espere o Inesperado” de Roger Von Oech, Ed Bertrand, 2003.

- Tudo flui.

- Uma maravilhosa harmonia é criada quando juntamos o aparentemente desconexo.

- Se tudo virasse fumaça, o nariz se tornaria o orgão do discernimento.

- Tem gente que não consegue agarrar o que está bem na palma de sua mão.

- A oposição traz benefícios.

- Espere o inesperado, ou você não o encontrará.

- Onde não há luz do sol podemos ver as estrelas.

- É a doença que torna boa a saúde, é a fome que torna agradável a bastança e é a fadiga que torna doce o repouso.

- Num círculo, o ponto de chegada é o mesmo que o de partida.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poder do Eu aplicado na liderança...


Abaixo segue uma reportagem postada em 16/04/2010, por Tom Coelho , que de alguma forma é bem pertinente à estimulação da auto-percepção do poder do Eu, neste caso, aplicado na liderança:

“O poder, em si, não constitui uma garantia moral:
o poderoso pode ter a espada na mão, mas nem por isso é dono do bem.”
(Contardo Calligaris)


A liderança é uma competência de caráter relacional, isto é, pressupõe uma relação entre duas ou mais pessoas fundamentada no exercício da influência. A regra é despertar o desejo, o interesse e o entusiasmo no outro a fim de que adote comportamentos ou cumpra tarefas. Além de relacional, a liderança também pode ser situacional, ou seja, determinada pelas circunstâncias.

O poder é o exercício da liderança. Em verdade, inexiste isoladamente, pois o que encontramos são relações de poder. Assim, é notório que se questione: como o poder é exercido por um líder?
Muitos são os estudos acerca dos tipos, bases e fontes de poder. Mencionamos, por exemplo, LIKERT e LIKERT (1979), KRAUSZ (1991), SALAZAR (1998) e ROBBINS (2002), mas ressaltando que todos beberam de alguma forma nos escritos de FRENCH e RAVEN (1959).

Fazendo uma compilação destes estudos, identificamos as seguintes formas de poder:

1. Poder por coerção. Baseia-se na exploração do medo. O líder demonstra que poderá punir o subordinado que não cooperar com suas decisões ou que adotar uma postura de confronto ou indolência. As sanções podem ser desde a delegação de tarefas indesejáveis, passando pela supressão de privilégios, até a obstrução do desenvolvimento do profissional dentro da organização. Pode ser exercido por meio de ameaças verbais ou não verbais, mas devido ao risco de as atitudes do líder serem qualificadas como assédio moral, o mais comum é retaliar o empregado, afastando-o de reuniões e eventos importantes, avaliando seu desempenho desfavoravelmente ou simplesmente demitindo-o.

2. Poder por recompensa. Baseia-se na exploração de interesses. A natureza humana é individualista e, quase sempre, ambiciosa. Ao propor incentivos, prêmios e favores, o líder eleva o comprometimento da equipe, fazendo-a trabalhar mesmo sem supervisão. A recompensa pode ser pecuniária, ou seja, em dinheiro, ou mediante reconhecimento e felicitações públicas. O risco de se usar este expediente como principal artifício para exercício do poder é vincular a motivação das pessoas e sua eficiência a algum tipo de retorno palpável e de curto prazo, inclusive enfraquecendo a autoridade do líder.

3. Poder por competência. Baseia-se no respeito. O líder demonstra possuir conhecimentos e habilidades adequados ao cargo que ocupa, além de atitudes dignas e assertivas. Os subordinados reconhecem esta competência e a respeitam veladamente. Um exemplo fora do mundo corporativo é a aceitação de uma prescrição médica, porque respeitamos o título do médico e seguimos seu receituário mesmo sem conhecer o profissional previamente ou o princípio ativo do medicamento.

4. Poder por legitimidade. Baseia-se na hierarquia. A posição organizacional confere ao líder maior poder quanto mais elevada sua colocação no organograma. É uma autoridade legal e tradicionalmente aceita, porém não necessariamente respeitada. Um exemplo típico é o poder que emana do “filho do dono” que pode ser questionado, embora raramente contestado, se sua inexperiência for evidenciada.

5. Poder por informação. Baseia-se no conhecimento. O líder, por deter a posse ou o acesso a dados e informações privilegiadas, exerce poder sobre pessoas que necessitam destas informações para realizar seus trabalhos. Note-se que o mero acesso a informações valiosas é suficiente para conferir poder a estas pessoas. É o caso das secretárias de altos executivos.

6. Poder por persuasão. Baseia-se na capacidade de sedução. O líder usa de argumentos racionais e/ou emocionais para envolver e convencer seus interlocutores da necessidade ou conveniência de realizarem certas tarefas, aceitarem decisões ou acreditarem em determinados projetos. Trabalha com base em aspectos comportamentais buscando ora inspirar, ora dissuadir os subordinados, de acordo com os objetivos pretendidos.

7. Poder por ligação. Baseia-se em relações. O líder apropria-se de sua rede de relacionamentos para alcançar favores ou evitar desfavores de pessoas influentes. Em tempos de desenvolvimento das chamadas redes sociais, ampliar e usar relações interpessoais constitui vantagem comparativa significativa.

8. Poder por carisma. Baseia-se na exploração da admiração. O líder adota um estilo envolvente, enérgico e positivo e alcança a obediência porque seus liderados simplesmente gostariam de ser como ele. As pessoas imitam-no, copiam-no, admiram-no com a finalidade de identificação.

Dentre todas as categorias apresentadas, não devemos idealizar uma forma de poder específica. Não há certo ou errado. Há o adequado. Em verdade, o mais indicado é que um líder saiba como, onde e quando exercer seu poder de acordo com o perfil dos subordinados, das circunstâncias e de seus objetivos. Assim, o poder carismático ou por recompensa podem proporcionar maior adesão e atração por suas ideias, da mesma maneira que o poder legítimo ou por coerção podem acarretar resistência por parte dos subordinados.

* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 15 países. É autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro livros. Contatos através do e-mail
tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.

Fonte: http://www.portaloempreendedor.com.br/empreendedor/ler_artigo.php?ordem=763


Slides da apresentação do seminário "A crise da razão e uma proposta de solução"

(Ilustração: Elaine Daniela Nascimento -1999)


Observação: O tema "A crise da razão e uma proposta de solução" foi escolhido por uma questão de praticidade da compreensão do tema, mas na verdade, seria mais coerente colocar como tema: "A crise da razão e um convite à auto-percepção do Poder do Eu"

Algumas fotos  e ilustrações utilizadas possuem autoria desconhecida, mas abaixo seguem os créditos para as identificadas:

* Ilustração "Desenhando-se" de Maurits Cornelis Escher, criada em 27 de março de 1972
* Ilustração de Maurício de Souza e Júlio Dias
* Ilustração de Max Stirner em desenho (caricatura) de Friedrich Engels
* Foto de Ozzy Osbourne, da capa de sua auto-biografia lançada em 2010 "I am Ozzy"
* Foto do filme "Its a wonderful life"( traduzido no Brasil como "A felicidade não se compra"), de 1946, do diretor Frank Capra

Seguem agradecimentos pela compreensão do uso das imagens de autoria desconhecida.




Seminário-Parte 2 de 2- Poder do Eu

Seminário da disciplina de Comunicação e Expressão - Apresentado em 15/04/2011
  Tema: A crise da razão e uma idéia de solução.
  Dividido em duas partes, sendo:


   2º PARTE – PODER DO EU
* Reconstrução

* Alteração – Max Stirner (filósofo)

* Modificação – Mahatma Gandhi (fundador do Satyagraha)

   Segue então a segunda parte do seminário apresentado, abaixo:
   Diante de um mundo incerto, incontrolável e assustador, o que resta para o ser humano?
  O que resta :a reconstrução, a mudança, a capacidade de modificação, de alterar, resta a determinação e a coragem para mudar, ou seja, resta o ser humano e suas ilimitadas capacidades não apenas de se adaptar, mas principalemtne de modificar o ambiente em que vive e sua prórpia personalidade e amplificação de conhecimentos.
   Resta a evolução pós-moderna.
   Mas isto basta, seria o suficiente pra se manter as esperanças?!
   Como diria Einstein, tudo é relativo...
  Há aqui, não a pretensão de oferecer uma proposta, mas sim, a de fazer o convite para o reconhecimento ou a auto-percepção e o uso do poder do EU.
   Mas o que é o Eu e o que seria este poder do Eu?
  O Eu, , seria o seu eu interior, sua alma, seu espírito, suas singularidades , seus valores, seria enfim, a essência do ser humano.
  O Poder do eu, seria a a execução da força vital para que sua“vontade de potência”, afinal, possa alcançar os frutos desejados, por meio de atitudes tomadas. Ou seja, o poder do EU é a execução da força da vida, força do crêr em você mesmo e nas suas capacidades de transformar, de agir, de modificar, de revolucionar, de melhorar, enfim, reformar o ambiente ou o mundo ou em que se vive.
  Isto, obviamente, pela filosofia que envolve a motivação deste trabalho, não pode prescindir de “máximas morais” que dignifiquem o “vir a ser” de cada Ser e coisa vivente
   E sobre esta filosofia, cita-se o trecho da obra de Max Stirner:
Livro:”O único e sua Propriedade”- (Publicado em 1844-Max Stirner)
   “Qual o papel da filosofia? O pior homem é o que pensa que não tem filosofia, ou que a confunde com o pragmatismo diário de uma vida sem sentido violada que está. A maior indecência é a praticada consigo mesmo; tudo o mais é conseqüência. O que mente para si mesmo abre vácuos abismais em seu ser que qualquer parca estupidez e palavreado pomposo lhe corrompe e o avilta para sempre, como uma droga ou um vírus que lhe suga a mente. A filosofia sem prática é inócua; a prática da vida sem filosofia é desumana! Usando-se a filosofia pode-se almejar “suspender o real” para fora e para além das categorias e conceitos entronizados.
   É claro que ela pode igualmente ser usada pelos servos da escuridão para instaurar e sempre renovar ardilosamente a servidão ao arbítrio do poder dos que se acham superiores – estão, eventualmente, superiores, mas não passam de pífias sombras da noite. Mas para muitos, a filosofia é instrumento a quebrar espelhos, a destruir imagens e formatar vórtices que levam certos espíritos verdadeiramente poderosos e humanos a escolherem afinal o “bem”, em si, para si, sem impedir que todos assim possam estoicamente trilhar seu caminho de luz nesta existência.
   Apenas a história não volta atrás (materialismo histórico dialético). Viver como Um único deve ser possível no Estado de direito, pois é a partir daí que estão concretamente dadas as possibilidades de ir adiante, de olhar “atrás do espelho” e ir mais além. Razoável e concretamente, isto implica em uma verdadeira opção existencial com uma vontade verdadeira de ser probo (honesto, honrado) consigo e com tudo o que povoa nosso conhecimento cosmológico“
    A idéia ou o convite aqui é que se reconheça que por meio da atitude, da criatividade e do uso da imaginação, como componentes de alteração, possamos modificar indivualmente, em nosso dia a dia, em nosso cotidiano, tudo o que até então acreditávamos como desnecessário por sua insignificância de resultados individuais, mas que porém, feito nesta freqüência e sempre, trarão ao todo, a mudança desejada para um mundo mais justo, um mundo mais digno, um mundo melhor de se viver.
   Abaixo seguem duas citações de Mahatma Gandhi:
   “Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras positivas, porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha suas atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos, porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos, porque seus valores... Tornam-se seu destino.”
    “Seja você a mudança que você deseja ver no mundo”
    E abaixo, uma máxima de Max Stirner pra finalizar:
  "Através das idéiasfixas surgem os crimes" (Aus fixen Ideen entstehen die Verbrechen)
   Finalizando, esta  segunda parte, menciona-se abaixo:
   Autores citados na segunda parte da apresentação do seminário:
  • Mohandas Karamchand Gandhi ( Porbandar 2 de outubro de 1869 — Nova Déli, 30 de janeiro de 1948), mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.
  • Johann Kaspar Schmidt, conhecido pelo pseudônimo Max Stirner, (Bayreuth, 25 de Outubro de 1806- Berlim, 26 de Junho de 1856) foi um escritor e filósofoalemão, com trabalhos centrados no existencialismo, niilismo e no Anarquismo individualista.
(Origem: Wikipédia)

     Livro»Der Einzige und sein Eigentum« (O único e sua propriedade), De 1844
    Página 209- (Deutsche Buch Gemeinschaft, 1901 3. ed. - 379 páginas)

Seminário -Parte 1 de 2- A crise da razão

Seminário da disciplina de Comunicação e Expressão - Apresentado em 15/04/2011
Tema: A crise da razão e uma idéia de solução.
Dividido em duas partes, sendo:

1º PARTE - RAZÃO


* O que é razão?

* A crise da razão. – Francis Wolff (filósofo)

* Diagnóstico (moderno – pós moderno) – Zygmunt Bauman (sociólogo)



2º PARTE – PODER DO EU


* Reconstrução

* Alteração – Max Stirner (filósofo)

* Modificação – Mahatma Gandhi (fundador do Satyagraha)



    Recorte do texto (Boaventura) – crítica ao racionalismo cientificista e a necessidade de perguntas simples e fundamentais.E o oferecimento da idéia da auto-percepção sobre o “Poder do Eu”.


                                                    Resumo da Parte 1:



Um breve diagnóstico da pós-modernidade

“O sonho da razão produz monstros” – Goya

A razão é natural nos homens ou foi construída pela civilização?
Antes de responder a esta pergunta, necessário se faz, responder uma outra pergunta fundamental: o que é razão?
Costumamos chamar de razão a capacidade que todo ser humano tem de criar e articular palavras e pensamentos. Por isto, dizemos que o homem é um animal racional que fala, pensa, tem idéias, etc.
Chamamos também de razão um modelo de pensamento, tipicamente ocidental, que nasceu entre os gregos e se tornou o orientador da conduta humana no mundo.
Foi no século V A.C. na Grécia Antiga, que o processo para o surgimento deste modelo de pensamento se iniciou da “passagem do mito à razão”, mas foi com Sócrates e Platão que este modelo de pensamento se consolidou, tornando-se exigência de nossa civilização.
Portanto, a razão não é natural nos homens, como se acredita. Ao contrário, foi constituída pela cultura e é um produto da nossa civilização*.
Nestes termos, a idéia fundamental inaugurada por esta espécie de pensamento (racionalismo) é de que tudo poderia ser compreendido pelo homem através da razão.
É importante ressaltar, que este modelo de pensamente nasce com sua crise, isto que dizer, que a razão não veio substituir de maneira uniforme o mito, mas racionalidades diversas e conflituais.
Assim, ao longo da história foram sendo criados conceitos que se contrapusessem à razão, porque em toda determinação racional existe um margem de indeterminação, um dado ainda a determinar. Esses contrapontos produziram imagens da razão que, em última instância, levam à negação da própria idéia de razão, abrindo desta maneira caminhos para as crises.
Diante deste modelo de pensamento, qual foi o legado da modernidade para nós?
A Idade Moderna se desenvolveu sob as seguintes crenças: a transformação do mundo através da ciência e da racionalidade, acreditava-se que somente pela razão o homem poderia compreender os fenômenos naturais e sociais, substituímos um sistema de valores por um sistema de conhecimento que nos assegurava no mundo, e pensávamos que alcançaríamos a autonomia (ficamos autônomos, só que pra onde eu vou mesmo?).
Nestes termos, a modernidade fracassou nas teorias que nos venderam, a consciência pós-moderna é antes de tudo a consciência do fracasso modernidade.
Na passagem da modernidade para a pós-modernidade o sociólogo Zymunt Bauman vai dizer em seu livro “O mal-estar da pós-modernidade”:

“O valor supremo da pós-modernidade é a vontade de liberdade, que acompanha a velocidade das mudanças econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano. Daí resulta um mundo vivido como incerto, incontrolável e assustador – bem diferente da segurança projetada em torno de uma vida social estável ou em torno da ordem...”
Diante de um mundo incerto, incontrolável e assustador, o que resta para nós, homens e a mulheres pós-modernos?
       *Dica de filme: “O enigma de Kasar Hauser” (1975, Alemanha, direção: Werner Herzog) - Um garoto é criado num porão, longe de qualquer contato com outros seres humanos, até completar 18 anos. Sem saber falar, andar, ele é levado para cidade, onde é objeto de curiosidade e desprezo da população local. Indico este filme para reforçar a idéia de que a razão como modelo de pensamento é produto de nossa civilização.
*Dica de livro: “O mal-estar da pós-modernidade” (Zygmunt Baumam, 1999, ed. Jorge Zahar): O autor faz uma vigorosa reflexão sobre as ansiedades modernas, estabelecendo nexos diretos com o famoso livro “O mal-estar da civilização”, de Freud.

domingo, 17 de abril de 2011

As práticas cosntroem...

   Abstraindo problemas técnicos e nervosismo decorrente disso e da própria apresentação em si, pode-se dizer que o seminário foi apresentado – dia 15 de abril de 2011 – de forma satisfatória, afinal, o conteúdo e/ou idéia que se desejava, foi transmitida, ainda que de modo superficial, dada a limitação de tempo de 20 minutos. Mas isto não é problema em um blog.
   Comecemos questionando: Qual o problema do individualismo?!
   O ser humano é um único ser, não dois, não três... Não mais que um, enfim. O ser humano já nasce individual, único, exclusivo. Assim é sua natureza mais simples e também a mais profunda. Mesmo quando gêmeos univitelinos, cada ser humano possui um EU interior exclusivo. A natureza determinou incontestavelmente assim: cada um é único.
   Talvez o maior problema atual do ser humano contemporâneo, haja vista que origine a decorrência de tantos outros problemas; seja temer o individualismo, não conseguindo crer no seu próprio potencial e capacidade ilimitada de transformar, modificar, alterar, construir e reconstruir o meio em que vive e sua própria personalidade. O individualismo é por si só uma palavra que já causa repúdio, por associarem-na erroneamente ao egoísmo e ao egocentrismo.
   O ser humano parece não conseguir desvincular-se da idéia de manter-se no coletivo, no agrupamento, na sua consolidação em grupos. Criou-se certa dependência inconsciente da motivação alheia para se executar tarefas, originar idéias ou mesmo para se pensar sozinho.
   Talvez este desejo por união, esta ligação, possa ser explicada a partir da análise e estudo da antiga história e da pré-história, onde manter-se em grupos, sem dúvidas, traria ao indivíduo a verdadeira sensação de estar mais fortalecido, mais seguro e encorajado, do que estando sozinho “mundo a fora” em meio a tantos iminentes riscos e perigos e até predadores. Por questão até de sobrevivência, o ser humano talvez possa ter embutido em seu subconsciente e repassado de geração para geração, por convenção cultural e hábitos cotidianos, a tradição e vivência (experiências práticas) de que estar    agrupado sempre o favoreceria. Até então, é completamente compreensível e até plausível a criação de certa dependência coletiva, aceitável, neste caso. Porém, nos dias de hoje, em meio à realidade atual, este conceito deve ser revisado em caráter emergencial, pois o comodismo e a desmotivação predominam em todos os grupos e aparentam residir em cada ser humano.
   Provavelmente o ser humano vá, em um breve futuro, perceber seu poder individual e executá-lo sem necessitar em nada de esperar pelos outros para a tomada de atitudes e a criação de novas idéias revolucionárias.
   Já não cabe mais no mundo atual, o conformismo e a aceitação pelo medo ou pela descrença no sucesso de se opor ao que se vê como erro. O fracasso e a derrota não são dignos de serem levados adiante.
   O medo deve dar lugar à coragem, tal como um espaço físico que é ocupado por um ou por outro, dentro de um espaço restrito, em que só cabe a permanência de apenas um de ambos.
   A escolha é uma capacidade, um potencial do ser humano que deve ser desenvolvido com urgência.
   O mundo e as razões estão em caos. Precisa haver a reconstrução de conceitos, ciências, razões, e tudo que se tem por base da sociedade.
   Automaticamente, o poder do Eu, ou chamado por muitos erroneamente de individualismo, causa o questionamento de que todas as práticas, atitudes e pensamentos individuais estejam ligados ao coletivo e levem a ele, levem ao comunitário. Claro que esta e nunca se desvinculará, afinal, enquanto seres humanos convivendo em sociedade é impossível abstrair o “mundo em que se vive”.
   O que precisa ser entendido nesta filosofia, é que não se trata de desvalorizar ou tentar abstrair o coletivo, o grupo, a sociedade enfim, mas sim, trata-se de valorizar o poder do Eu interior de cada ser humano.
   É pela auto-percepção de seu potencial e capacidade de executar, criar, construir, etc; sem depender do outro para a tomada de atitudes.
   Com corriqueiras e pequenas, porém relevantes e consideráveis atitudes cotidianas, por exemplo, gera-se a prática e a prática constrói hábitos, que constrói imensuráveis infinidades de possibilidades, até mesmo adesões coletivas por compatibilidade de pensamentos, por exemplo. Ocorre assim a fusão do individual para o coletivo. Mas há de se manter o princípio do poder do Eu interior, frente a isso, mantendo-se tal como um músico, em uma orquestra, que ocupa sua posição com seu instrumento fazendo toda a diferença no conjunto da ópera.
   Para estar na orquestra, o indivíduo há de saber tocar muito bem seu instrumento. Ninguém nasceu sabendo, todos aprenderam pela capacidade e potencial desenvolvidos, cada um a seu justo tempo, com indefinido tempo diário dedicado ao propósito, pertinente a cada um.
  Não se trata de um árduo trabalho, apenas aparenta falsa complexidade. Mantendo-se a base do crer em você mesmo, o resto tornar-se-á simples, de fácil execução e clareza. Toda coragem, toda motivação, toda a força e determinação para a tomada de atitudes e criação de novas idéias, surgem com a crença no poder do seu eu interior.
   É isto o que se convida a se trabalhar, a se desenvolver: crer no seu poder do Eu e excutá-lo.
   Quando todos acreditarem nisto, e executarem de forma plena, há de se crer então, cada um ocupará na ópera da vida, a posição e instrumento escolhidos e o conjunto da obra resultará no tão desejado mundo mais justo, mais honesto, mais honroso, auto-sustentável e mais digno.

    Segue abaixo, uma breve pesquisa, em caráter de elucidação, sobre  a palavra:Individualismo”

              ( Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre, http://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo)
    Individualismo é um conceito político, moral e social que exprime a afirmação e a liberdade do indivíduo frente a um grupo, à sociedade e ao Estado .
   O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a desenvolver uma crença baseada em que o homem tudo poderia,desde que tivesse vontade,talento e capacidade de ação individual.
   O individualismo, em princípio, opõe-se a toda forma de autoridade ou controle sobre os indivíduos e coloca-se em oposição ao coletivismo, no que concerne à propriedade. O individualista pode permanecer dentro da sociedade e de organizações que tenham o indivíduo como valor básico - embora as organizações e as sociedades, contraditoriamente, carreguem outros valores, não necessariamente individualistas, o que cria um estado de permanente tensão entre o indivíduo e essas instâncias de vida social.
   Segundo Sartre, mesmo dentro do maior constrangimento - político, econômico, educacional ou outro -, existe um espaço, maior ou menor, para o exercício da liberdade individual, o que faz com que as pessoas possam se distinguir uma das outras, através das suas escolhas.
   O exercício da liberdade individual implica escolhas, que, nas sociedades contemporâneas, frequentemente estão associadas a um determinado projeto. Indivíduos desenvolvem seus projetos dentro de um campo de possibilidades e dado um certo repertório sociocultural - que inclui ideologias, visões de mundo e experiências de classe, grupos, ethos, dimensões nas quais o indivíduo se insere.
   Nas sociedades contemporâneas, uma vez que o indivíduo se constitui na relação com o outro e em função de várias experiências e papéis sociais, participando de vários mundos, a sua personalidade não é um monolito: o indivíduo não é um mas muitos, em função de suas circunstâncias. Uma primeira dificuldade do individualismo seria, portanto, a de definir o indivíduo, destacando-o da esfera do coletivo - que, de certa forma, o constitui e lhe dá sentido.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Introdução...

Na disciplina de "Comunicação e Expressão", do curso de graduação de Filosofia da UFSCar, nos foi dada a missão de criar um blog, à partir de "inspirações"  do texto de Boaventura de Sousa Santos, intitulado "Um discurso sobre as Ciências na transição para uma ciência pós-moderna". Bom, o texto, em sua abrangência e extensão, nos permite extrair e coletar dele , todo material para os mais diversos sentidos de assuntos, e com o objetivo de oferecer, ainda que superficialmente, algo além do obsoleto enfoque sobre as situações problemáticas que se inicia nos pensamentos sobre o eu, quem somos, o que fizemos, o que estamos fazendo, etc... e tentar nos encontrar frente à uma demasiada modernidade caótica, repleta de bases em corrosão, de frágil  alicerce e falha estruturação; optamos, então, por tão somente, enaltecer e enfatizar a responsabilidade e o poder do EU, do ser singular, do indivíduo por si só, distinto de grupos de manifestações, organizações, seitas, religiões, ou qualquer tipo de agrupamento, enfim, pois, sempre acabamos por nos excluir, inconscientemente, mesmo que seja, no que concluímos, por exemplo, ao mencionar alguma citação tal como “Estamos destruindo o mundo em que vivemos enquanto construímos e/ou contribuímos para o avanço da ciência e novas tecnologias”, acabamos por pensar “estão destruindo, mas EU NÃO”, abstraindo-se de certa culpa, que, ao final, todos temos.
Mas o objetivo está longe de buscar ou encontrar culpados e “chorar sobre o leite derramado”.
O texto de Boaventura de Sousa Santos, nos direciona à percepção de uma transição social e suas consequências, nas quais, nos encontramos contemporaneamente.Cita inúmeros problemas, mas não chega a explicitar soluções plausíveis.
Poderíamos ter optado por inúmeros recursos complexos, tais como, argumentar sobre os em torno dos princípios e incertezas e suas conexões com a Filosofia, a formação do conhecimento que forma cada indivíduo em sua singularidade, etc. Porém, embora sedutores e apaixonantes temas pudessem ter sido escolhidos, dada a limitação de tempo (20 min.), sentimo-nos simultaneamente favorecidos e desfavorecidos, pois, nenhum tema complexo ou sinuoso, poderia ter sido abordado dentro deste tempo, além do meramente superficial, tornando-o irrelevante ou dispensável, possivelmente.Porém, nosso foco não é apontar causas e efeitos dos avanços tecnológicos e suas problemáticas, mas sim, temos como objetivo, a modesta proposta, no caso, da ativação de manifestações individuais e cotidianas, que oferecerão evidentes mudanças e soluções a longo prazo, por meio, da imaginação e da criatividade individual, desenvolvendo, assim, novas idéias e contribuições, ainda que modestas, tão funcionais quanto cotidianas.
Dada a limitação de tempo,a apresentação do seminário em aula, torna-se empobrecida da possibilidade de modelos ou métodos da busca de soluções por meio das ferramentas criatividade, imaginação e atitude.Porém, resolveremos este problema com as postagens no blog, que nos fará exibir a  proposta e as idéias consecutivas, de forma mais abrangente e integral.
Mas cabe ressaltar, que o importante é saber que o desenvolver do uso das idéias que serão propostas, é independente, livre, individual de cada espírito livre, ao seu tempo e justo critério de escolha.
O desenvolvimento pessoal e a atitude singular, antes de tudo, não implicam na desvalorização do comunitário, mas, sim, na valorização do poder do EU e no enobrecimento e enaltecimento da possibilidade deste eu, em tomar suas próprias e individuais atitudes, percebendo-se capaz de fazer sua própria contribuição diária, para a construção contínua de um mundo melhor, mais digno, auto-sustentável e mais justo pra se viver.